Nicodemos,
como vocês já sabem, é aquele "sabichano" da Catland
que não tem medo de nada e ainda vive zoando, provocando todo mundo
e contando vantagens.
Mas existe uma coisa que ele faz e que a turma adora: ele é
mestre em histórias de terror. Aliás, ele sente um verdadeiro
prazer em contar casos tenebrosos só para ver o pessoal arrepiar
de pavor...
Um dia, a turminha resolveu testar de fato sua coragem.
Acontece, que, lá na Catland, passando a Floresta
Azul, encontram-se umas regiões misteriosas... Dizem que
há cavernas assombradas com lagos fumegantes de
águas vermelhas, cachoeiras que emitem um barulho parecido
com choros e lamentos - uuuiiiii.... e outras coisas apavorantes cujos
mistérios, aos poucos, em outras histórias, vocês ficarão
sabendo...
Um dia... ah, nesse dia, quando a turminha resolveu testar a coragem do
Nicodemo, ele não parava de se gabar:
- ...É... porque... eu faço e aconteço... porque eu
não tenho medo de nada... blá, blá, blá...
O Ticão já estava "cheio" de ficar ouvindo tanta vantagem
e propôs para a turma:
- Vamos testar a coragem dele?
- Sim, mas como? - perguntou o Chapa Mala.
- Vocês se lembram do antigo cemitério, lá na Floresta
Azul?
As meninas - Lulucat, Pelucinha, Capuchita e Dodona ficaram arrepiadas:
- Aquele velho cemitério de piratas?... - perguntou a Capuchita.
- ...Onde dizem que o fantasma do Capitão Barba Negra fuma um cachimbão
toda noite de lua cheia? - quis saber a Lulucat.
- Sim, lá!- afirmou o Ticão.
- Aaaaiii, Ticão...- Pelucinha perguntou, gelada de medo... - E
como seria o teste de coragem para o Nicodemo?
- Vamos ver se ele tem coragem de ir lá - no velho cemitério
- sozinho, à meia-noite...
-E a gente tem que ir também vara ver o teste? Ai, que medo...-
quis saber a Dodona., encolhendo-se toda.
- Claro! Nós juntamos mais gente e, todos unidos, teremos coragem...
- Ah, mas assim o Nicodemo também terá coragem; o teste não
vai valer se todos forem com ele.
- Não... não será assim. Nós o seguiremos,
à distância, sem ele saber!
- Tá bom, mas e daí? Ele só vai ter que ir lá
e pronto? - perguntou a Lulucat.
- Não, para provar que tem coragem mesmo, ele terá que ir
lá, à meia noite, pregar um prego na velha porta do
cemitério, com um lenço de pirata amarrado. Nós vamos
dizer que só acreditaremos se, no dia seguinte, encontrarmos lá
o prego com o lenço.
- Hummm... parece interessante - diz o Chaparrau.
Depois que todos concordaram, Ticão e a turma foram procurar o Nicodemos,
que continuava contando suas vantagens para uma outra turminha:
- Ah...eu "detono" qualquer fantasma! Os fantasmas têm medo até
do meu nome!!
Ticão chamou Nicodemos e fez o desafio de ir ao antigo cemitério.
Como todo valentão, Nicodemo ficou mudo um instante, mas então
já era tarde; ele teria que provar mesmo sua coragem, caso contrário
ficaria em desvantagem na Catland.
A noite foi chegando e Nicodemos pensava num jeito de não ficar
com medo na hora de ir ao velho cemitério índígena.
Primeiro, ele havia pensado que enganaria a turma indo durante o dia, mas
todos estavam de olho e queriam vê-lo partir à noite. Resolveu,
então, colocar uma capa e cobrir-se todo, ficando só com
um olho livre. Assim, pensava ele que teria mais coragem, pois só
abriria aquele olho o suficiente para ver o caminho, pregar a fita na porta
do cemitério e voltar correndo.
Perto da meia-noite, todos se reuniram na praça da Catland para
ver o Nicodemos partir. Ele usava a capa, mas estava amarrada ao pescoço,
deixando a cabeça toda de fora. Disse que era só para se
proteger do frio e fazia pose de valente (mas tremia por dentro da capa):
- Vocês vão ver!! Amanhã, podem ir lá,
que o lenço estará pregado na porta do cemitério!!
E se aparecer o fantasma do velho capitão pirata, eu prego
o cachimbão dele também!!!
E assim, lá se foi o Nicodemos, em direção do antigo
cemitério de piratas, levando um martelo, o prego e o lenço,
tremendo de medo. Quando achou que já estava distante, que ninguém
da Catland o veria, cobriu-se todo com a capa, ficando apenas com um olho
de fora e torcendo para que tudo fosse rápido, que ele chegasse,
pregasse o lenço depressa e voltasse correndo.
À distância... secretamente, a turma acompanhava em silêncio...